16 de julho de 2010

BOUTIQUE JURÍDICA

Dr. Flavio Augusto Martins *

Outrora a advocacia empresarial era exercida pelas próprias empresas, através de advogados contratados, em departamentos jurídicos tão grandes quanto o porte da empresa.

Com o passar dos anos, o desenvolvimento das práticas de gestão ensejou uma grande onda de terceirizações, apoiada na lógica de redução de custos, o que faz com que os advogados saíssem de dentro da estrutura da empresa, e formassem escritórios externos.

É claro que esses escritórios também passaram a utilizarem técnicas de gestão para se organizarem, modernizarem e expandirem, abrindo novas áreas de atuações, contratando mais advogados, incorporando outros escritórios, com o objetivo de fechar contratos maiores, e com mais empresas, crescendo cada vez mais. Com efeito, a estrutura dessas grandes bancas tornou-se pesada, burocrática, pela necessidade de controles internos.

Quando o empresário ou seu diretor jurídico precisa de uma consulta sobre determinada decisão urgente, ou, muitas vezes, apenas perguntar se a decisão que já tomou e executou era a apropriada, se depara com vários e imensos obstáculos para falar com seu advogado. Isso porque a empresa quer falar com o sócio do escritório jurídico, o nome no timbre, a pessoa que ele achou que estava contratando quando escolheu aquela banca. No entanto, se vê obrigado a falar com secretárias, assistentes, estagiários, advogado júnior, gerente de área, etc., qualquer pessoa, menos aquele com quem queria realmente falar. Quanto maior o escritório, mais distante fica o advogado de seu cliente.

Além disso, quanto maior a estrutura, pessoal e física, do escritório, maior seu custo de manutenção, o que, por certo, é acrescido no preço do contrato.

Para contrapor a este modelo surgiu o conceito de Boutique Jurídica, que nada mais é do que um escritório de advocacia menor, com estrutura enxuta, mas com profissionais altamente especializados nas áreas de atuação que propõe, visando sempre estar perto da empresa e sua atividade. Assim, essas boutiques podem atender e assessorar melhor e mais rápido seus clientes, já que é o próprio sócio que lida diretamente com empresário ou diretor jurídico, e suas demandas.

E, ainda, estes advogados, estando por dentro das atividades e procedimentos da empresa, podem apresentar soluções para a redução substancial do risco jurídico, ensejando incremento no lucro.

É por tudo isso que a contratação de Boutiques Jurídicas é a tendência atual do mercado. (1)

AUTOR:

* FLAVIO AUGUSTO MARTINS – Advogado. Sócio do Escritório Jurídico Flavio Jorge Martins Advogados – www.fjm.adv

@drflavioaugusto

Notas:

(1) Sobre a tendência: Escritórios devem copiar modelo europeu no futuro, diz advogada; e Davi vs Golias (a metáfora inesgotável)